Sempre quis você caminhando do meu lado
Mas sempre vi a sombra do diabo apaixonado
Meu desejo é um funil de beber carícias
Mas essa vontade morre diante da malícia
Sempre tenho dito, uma palavra agita
E recebi em troca seu silêncio de mentira
Sempre trago o rosto salpicado de suspiros
Para o seu desgosto diante do meu sorriso
É sempre assim que se dá
Eu na luz, você na treva
Eu numa praia de sol
E você dentro da caverna
Eu na varanda cantando com o canário da terra
E você lá no porão vendo fotografia velha
Desfiz o que tinha feito
Reli o que tinha lido
Revi o que tinha visto procurando explicação
Só achei melancolia
Debaixo da sua pele é onde mora a agonia
No rabo do seu cabelo, a vingança que atavia
No fogo da sua língua queimo minha alegria