Ouvi teu canto nos becos, nos morros
Nas bocas das minas, nas velhas esquinas
Bebi tua voz que cantava nas fontes
Nas lágrimas tristes, das pobres meninas
Que já não colhem mais, não colhem mais flores
Que fogem do vento e temem o tempo
Ouvi seu canto na voz dos meninos
Nos prados, nos rios, no silêncio morto dos sinos
Ouvi seu canto nas ruas, favelas
Nas casas escuras, no lume das velas
Nas praças vazias, nas flores mais belas
Nas mãos mais amigas, no fundo das celas
Ouvi seu canto na paz de um sorriso
Das mães e dos filhos de pais desvalidos
Ouvi seu canto na noite vazia
Nas sombras do dia, nos vencedores e vencidos
Diamantina, ouro de minas, almas livres pelo ar
Irradiam ondas de luz onde quer que a luz falte
E contaminam com luz as almas tristes a voar
Pra que a vida seja um sonho que vai se realizar
E uma canção divina poderá se transformar
Em uma canção eterna a se confundir com o ar
E fundir misterio e vida, pedra, luz em cada olhar
Onde os filhos dessa terra possam a paz espalhar, espalhaR
Espalhar, espalhar