- Quem chega em meu rancho sem dar “Ó de casa!” -
Com passos pesados, embora em silêncio?
Envolto num poncho de noite sem lua,
Pilchado de sombras - será quem eu penso?
- Se enxergas meu vulto de bota e bombacha,
Meu nome não digo, nem mostro meu rosto
Mas sei que imaginas quem sou e a quê venho.
Em cada refrega estive a teu lado
No Passo do Guedes, no teu Caverá -
Meu zaino te espera do lado de lá.
- Meu nome é Honório, me chamam Leão!
Tracei meus caminhos a ponta de adaga!
- Descansa tuas armas, vem junto comigo,
Que a vida é candeeiro que um dia se apaga!
- Nas minhas batalhas venci tantas vezes
Em outras sofri o amargo revés.
Mas este combate já sei que é perdido
Porque finalmente percebo quem és.
- Gastei meus outonos em bárbaras lutas,
Tingindo de sangue o Ibirapuitã
E bem quando chegas, buscando por mim,
Vislumbro o horizonte de um novo amanhã.
- O corpo cansado já pede repouso,
O braço fraqueja empunhando a garrucha.
Te levo comigo mas deixo gravado
Teu sonho imortal na alma gaúcha.
- Teu nome é Honório, te chamam Leão!
Teus feitos ficaram na tarca da história!
- Estende tua mão: vou junto contigo,
Meu tempo é passado! O resto é memória.