Um semblante de primavera
Misto de flores e espinhos
Se estendeu por toda estrada
Por donde cruzo o caminho
Fui dando espalda pra o rancho
Cruzei pra lá da cancela
Sentei as garras no pingo
Busquei a volta no estribo
Com a mão canhota na rédea
Na direção do horizonte
Meu pingo trocava orelha
E a espora dava o comando
Riscando-lhe a barrigueira
E o rancho que eu mesmo fiz
Nobre de simples valores
Guarda um ar de despedida
Virou tapera dormida
Aos olhos dos cruzadores
Por gaudério hoje distante
Mateio a sombra dos molhos
O pingo livre da cincha
Atado a soga relincha
Vejo a saudade em seus olhos
Saí pra amansar distancias
Com a alma de olhar profundo
Pois nasci de alma andeja
E desde piá com certeza
Mas se por acaso o pingo
Relinchar com insistencia
Desato a soga que o tranca
Pra que retorne a querência
E sigo cruzando a estrada
Porque gaudério sou eu
Dou um jeito nos arreios
A maior riqueza que tenho
É esse mundo de Deus