Você é de mentira, não é de verdade
Mas fique sabendo que na sua idade
Não é natural que passe por mim hoje despercebido
O sangue jorrando no corpo que sente
O verso brotando, a alma contente
E a noite passando
E a gente consente
E assim foi mais um dia, mais uma poesia, sequer!
E essa luz do dia estraga qualquer bem-me-quer
Que melancolia ficou
Retrato de um rosto qualquer
Perfume indecente de moço charmoso
Meu peito doente, cansado e dengoso
E o seu displicente, atento, ligeiro
Tão incoerente, assim como o meu
Eu sou de verdade, não sou de mentira
Mas na sua idade eu bem já sabia
Que de amor morreria, se preciso fosse
Um milhão de vezes, um milhão de vezes
Um milhão de vezes, um milhão de vezes