Que bom que seja do Rincão do Araçá, Faz tanto tempo que me fui perdi a conta, Talvez me conte como tudo anda por lá... -Mas quem será naquele baio pelo grosso? Que pelo tranco tá com pressa de chegar... Vem pela estrada grande que vai pra cidade, Mas pelas garra e o chapeu, não é de lá... -Mas quem será nesse picaço frente aberta? -Sou eu, compadre, quanto tempo! Que saudade! -Pra onde tu vais com a mala cheia e sem cachorro, tchê? -Juntei uns pila, vou me embora pra cidade. - E o caro amigo - Diga... - Pra onde vai?.... -Volto pro pago que há muito tempo deixei, ver se o patrão ainda me aceita lá na estância, to com saudades da potrada que domei... -Pois eu to indo -Lá pra cidade,cansei os pulso de puxar queixo de potro, aqui no campo não vivo mais, trabalho muito só pra encher bolsos dos outros!!! - Que mal pergunte porque que voltas? - Porque a cidade é coisa braba meu irmão, lá pra um campeiro não tem lugar, a bóia é pouca e sobra muita solidão - Mas quando fostes, partistes com rumo certo, Tudo acertado para a vida melhorar, Vendeste o Zaino e as duas juntas d boi, e agora volta sem mais nada ao Deus Dará! - Pois eu troquei meu rancho lindo pela vila, troquei um charque por um pedaço de pão, judiei do baio que era flor nas campereadas, pra fazer frete, juntar lata e papelão. Por que estás indo? Pensa bem e troca o rumo banca na rédea o teu picaço e vem comigo, não deixe o campo que é teu mundo e tua alma, bota tenência nesse conselho de amigo - Se é tão difícil, a vida assim, lá na cidade, se a Realidade é tão cruel e tão mesquinha, vou afrouxar a boca de volta pro pago Se anda ligeiro chegamos de tardezinha. Aliviana o tostado estrela pras carreiras, Treina uma senha pra surra num truco cego, Pechar boi gordo na saída da mangueira... Acertar o pulso num tiro de volta e meia, Frouxar o corpo na bailanta do Bastião, Abrir o peito numa milonga Campeira, Na humildade e na grandeza de um galpão]