De tudo que eu não queria
Eu destroço com poesia
Mas quando chega a agonia
No peito que me ardia
De tanto que eu não entendo
E de tudo que eu entendia
Eu me faço ter alegria
No meio da pandemia
Se eu fosse ser mais suave
Talvez eu conseguiria
Oh, moça desculpe o jeito
Ainda lembro como feria
Solfejos de pensamentos
Traquinam da mesa a pia
E atento eu me ponho dentro
No meio de ti que ardia
Bambeio no tonto alento
Crisálida disritmia
Costuro seda pra dentro
E aceno com calmaria
Tem tédio, melancolia
Preguiça a revelia
Cigarro, gato e cachorro
Me salva se não eu morro
Eu danço de um jeito louco
E malandro pareço um bobo
No canto boca que ria
Eu cheirava a perfumaria
“De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto”
Do verso que se plagia
Me lembra misoginia
Escutava, mas não ouvia
Eu olhava, mas ninguém via
Tocava, mas não sentia
Eu beijava, mas não lambia
Presente, papel passado
E um futuro que eu não te acho
Subindo ladeira a baixo
Escalando feito um riacho
Eu faço um faroeste
Caboclo, cabra da peste
Saudade da minha gira
Umbanda, Tambor de Mina
No tik tok do mundo
Que branco presidencia
Tem poço que é mais profundo
E criança preta caía
Arcanjos de todo dia
Madames na terapia
No meio de tudo isso
Uma parte de mim morria