Lyrics of
Coisas da Fronteira

Venho daquele horizonte
Onde a estrada é um reponte
E a liberdade é xirua
Na pampa larga estendida
Venho daquela querência
Onde o campo é referência
Pra quem perdeu o sentido
Das coisas buenas da vida
Venho daquele rincão
Onde o patrão e o peão
Batem estribo parelho
No camperear das coxilhas
Venho daquelas planuras
Onde as garças são pinturas
E cavalos riscam mapas
Pelo manto das flexilhas
De onde venho, ora de onde venho
Das carretas pra quitanda
do gado pro saladeiro
De onde venho, ora de onde venho
Do charque pelas caronas
Na redenção dos tropeiros
De onde venho, ora de onde venho
Das estâncias legendárias
Da água benta do poço
De onde venho, ora de onde venho
Do lencito maragato
Nos tempos do Sabe Moço
De onde venho, ora de onde venho
Dos candieiros de estopa
E dos gaiteiros só de ouvido
De onde venho, ora de onde venho
Do café preto e biscoito
Nos bailes de chão batido
De onde venho, ora de onde venho
Dos domingos de alpargata
Nos comércios de carreira
De onde venho, ora de onde venho
Da alma veia de campo
Coisas da fronteira
Venho daqueles galpões
Onde alma são tições
Alimentando o palheiros
E horas de camboneadas
Venho daquelas rodilhas
Onde o mate e a figueirilha
Ajojam mitos campeiros
Arremebrar pataquadas
Venho bem daquela gente
Onde o bairrismo é latente
Sempre que um se atravessa
Mal dizendo a pátria gaucha
Venho daquele sistema
Onde mudar é um dilema
Pra quem sepultou a vida
Nos remendos da bombacha