Rainha preta do maracatu
Nesse teu rosto de falso negrume
Morre de gozo na renda do sol
No pano feito pelos fios d'água Desse véu de noiva: bica do Ipú
Como uma princesa sertaneja e aflita
Num gosto vivo de suor e sal
Te entregarás em meus braços rijos
De sangue luz e de sabor letal
Te entregarás em meus braços rijos
De sangue luz e de sabor letal
Rainha preta do maracatu
Nesse teu rosto de falso negrume
Morre de gozo na renda do sol
No pano feito pelos fios d'água Desse véu de noiva: bica do Ipú
E eu um índio pronto para as flexas
Dos arcos tesos de uma caçada incerta
Monto no sopro do aracati
Tonto de espanto, de amor e cauim
Sou nau sem rumo Em teu ardor imerso
Sou nau sem rumo Em teu ardor imerso
Rainha preta do maracatu
Nesse teu rosto de falso negrume
Morre de gozo na renda do sol
No pano feito pelos fios d'água Desse véu de noiva: bica do Ipú
E eu serei cego, como um violeiro cego
Que enxerga a vida sensitivamente
E tem na pele um olho mais agudo
Que o meu punhal de ponta
Em teu corpo quente
E tem na pele um olho mais agudo
Que o meu punhal de ponta
Em teu corpo quente