No tempo que eu andava de quatro
Engatinhando pela beira do maior precipício
Eu tinha muito medo de gente
E nesse tempo conversar era o maior sacrifício
No tempo que toda a rapaziada
Era algo de novo debaixo do sol
Eu sempre preferia esconder
A minha cara numa casca de caracol
Eu tinha medo de gente
De gente que eu não conhecia
E também tinha medo de gente
Que morava lá na vizinhança
Uma tremenda paúra
Ainda nova debaixo do sol
E eu na casca de caracol
Andando de quatro
Debaixo do sol
Eu via o mundo todo mudando
Os cabelos cobrindo a maior das caras
E eu com a cabeça raspada
Nesse tempo meu pai não me dava colher de chá
Mantive minha cara resguardada dentro de um castelo
De gelo e de cor
Eu era todo cheio de dedos com a cara
Numa casca de caracol