O xiado chama
Em mãos, a panela
Vai disputar gritos
Com uma outra fera
Porque o ódio tá
Na saliva e é tanta
O que dói no peito
Sai pela garganta
E o que fica dentro
Por vezes, amarga
Tá num filho ou outro
Em qualquer palavra
Faz uma nação
Cultuar a morte
De seus próprios filhos
Deixados à sorte
Nem tente me enganar de novo
No lixo está tua razão
Se o erro consta desde o início
Partamos já da negação
De tempos assim tão sombrios
Distorcem o real e então
Anunciam a boa nova
Fuzil pro bem do cidadão
Afasta de mim esse cálice (pai)
E tudo o que se aproxima com o som da hélice
Tipo retroceder seis anos não é o ápice
Em breve todos da minha pele voltam ao cárcere
Brasilis, conservadores de alta classe
Poder, herança do escravismo da lavoura
Antes que me censurem, trago lucidez
Frases que lembrei relendo Clóvis Moura
Tempo voa, máscaras já não escondem
Quem pede paz aplaudindo banho de sangue
Cansado de ser levado na correnteza
Então veleja
De pé, ó vitimas da fome
(Fé) Pra quem nunca teve poder no sobrenome
Largo o sentimento no microfone
É que essa melodia todo dia me consome
Por isso, nessa luta, eu tô de bonde
Ocupando o front
O diabo chama
E te entrega a panela
Que logo é aceita
Feito aquarela
Pra pintar um falso sonho
Centenário
De um Brasil Europa
Com Pereira Passos
Sem lembrar que fomos nós colonizados
E tão reprimidos por homens fardados
Manchando a história, em louvor à ganância
Mas viva a memória de João Saldanha
Não tente me enganar de novo
No lixo está tua razão
Se o erro consta desde o início
Partimos já da negação
De tempos assim tão sombrios
Distorcem o real e então
Anunciam a boa nova
Fuzil pro bem do cidadão