Fitai as aves na amplidão celeste
A garça branca que nos ares vai
Nem uma pena da plumagem cai
Sem permissão de Deus, que assim as veste
Vede os lírios do campo; quem reveste
Seu ouro de lavor? Considerai
Que, lá no céu, tendes um Deus que é Pai
E faz chover amor no solo agreste
Por que trazeis vossas feições tão graves?
Mais que os lírios do campo não valeis?
Desventura é viver sentindo o travo,
O gosto amargo de um viver escravo
Sem saber que sois filhos que sois reis
Por que trazeis vossas feições tão graves?
Não valeis, porventura, mais que as a- ves?
Mais que os lírios do campo não valeis?
Desventura é viver sentindo o travo,
O gosto amargo de um viver escravo
Sem saber que sois filhos que sois reis