Eu olhava a paisagem que se estende ao sul
As crianças corriam pela margem do rio
No teu pala vermelho, eu te via passar
Mais profunda que a tarde, mais intensa que o frio
Ana, Ana
Teu rosto sereno faz o tempo parar
Ana, Ana
Te vejo, o que sinto, não sei bem explicar
Vejo ainda as crianças, como brincam no rio
Suas vozes distantes chegam fortes aqui
Tua imagem se move, dá sentido ao vazio
Teus passos na areia deixam marcas em mim
Ana, Ana
Suave madona, minha dama austral
Ana, Ana
Tão perto da gente, tão distante do mal
Caminhando em San Telmo, numa noite de Abril
Em Punta del Diablo, vendo a chuva no mar
Eles rindo no quarto ou chamando por ti
Tu sonhando com barcos de belém do pará
Ana, Ana
Ver tudo tão claro é jamais esquecer
Ana, Ana
Te amar cada instante, nunca me arrepender
Escuto ainda sinos da catedral
Rumor de calçadas, apitos de um trem
Eu insone a dois dias dentro do grande hotel
Escrevendo que tudo foi no mês que vem
Ana, Ana
Por mais que eu viaje, sempre quero voltar
Ana, Ana
Teu nome é o nome de onde quero ficar
Timidez e silêncio quando te descobri
Namorei teus segredos, desejei teu olhar
Te esperei na neblina de um inverno febril
Primavera em delírio, te segui ao luar
Ana, Ana
Esfinge libriana, equilíbrio e razão
Ana, Ana
Perdoa meus erros, minha imperfeição
A planície agora é deserta ao sul
O rio que se afasta, esse verde sem fim
Fosse outra paisagem, também ia te ver
Tua chave, teu mapa foram feitos pra mim
Ana, Ana
Dispersa no vento, desenhada no sol
Ana, Ana
Não vá embora, nunca me deixe só
Não vá embora, nunca me deixe só
Não vai embora, nunca me deixe só