A Lua se deita com sua brancura na água escura de Abaeté
O poeta procura na fina areia a luz que mareia
E um rosário de Fé
Há um canto sofrido, que é quase um bramido
De um ser escondido em Abaeté
É mãe dágua chamando, encantando e levando menino e mulher
E na noite estrelada, bordada de prata, levou pescador
Uma jangada enfeitada, depois da alvorada, se desfez no vapor
Com seu vestido de renda, depois da oferenda, chegou tia Jô
Com o olhar serenado e o corpo pintado de mel e dendê
Marcava o compasso, sem nenhum cansaço, no maculelê
João Obá assoviava enquanto Cira fritava seu acarajé
Valei-me, valei-me! Meu Logun Edé!
Me livre das águas de Abae té
Me leve no assento, na garupa do vento
Me salve do mar, eu quero alento
Curar meu tormento, lá no Gantois
Valei-me, valei-me! Meu Logun Edé!
Me livre das águas de Abae té
Me leve no assento, na garupa do vento
Me salve do mar, eu quero alento
Curar meu tormento, lá no Gantois