Cadê tua comida?
Cadê o teu pão?
Teu pai foi embora
Num volta mais não
Cadê o perfume
Das moças daqui?
O tão bom perfume
Vai longe daqui
Cadê tua fartura?
O milho, o feijão?
A enxada na terra
Os meninos no chão
Cadê a bravura
Dos homens daqui?
Se foi na secura
Do teu Cariri?
Quente, queima ao sol
“Meu Deus, derramai
A água que inunda teu
Povo de fé no amanhã"
Cadê tua cabaça?
A cachaça com o irmão?
Teus filhos na roça
Num estudam mais não
Cadê a escola?
O pequeno aprendiz?
Apanhando da vida
Na falta do giz
Cadê tua fogueira?
Teu acordeão?
A zoada na feira
O forró no salão
Cadê a alegria
Dos homens daqui?
Só restou apatia
No teu Cariri?
Quente, queima ao sol
“Meu Deus, ajudai
Um povo que nunca
Deixou de ter fé no amanhã"
Corre o teu suor
Foge o teu olhar
No caminho, só
Não há de agüentar
Faz o teu melhor
Briga, vai buscar
Forças pra sonhar
(Se esse homem temer ou fraquejar, que se plante a semente da união,
Se cultive a vontade de lutar e se colha coragem nesse chão!)
E se faz guerreiro sob o sol
Mais um brasileiro sob o céu
Que transforma a luta num troféu
Busca nos sertões um mar de paz