No corredor da inconsciência corre a dor
Processo sucessório do reboque
No corredor há violência e torpor
Da alma cuja mão desfere o choque
No final do corredor há uma sentença
Que se cumpre no transpor de um a porta
No final do corredor há uma licença
Pra que a vida em agonia seja morta
O corredor da conivência é bem seguro
Concreta construção, concreta escravidão
O corredor da prepotência é tão escuro
Antítese de amor e compaixão
Pela densa arquitetura do deus ego
Passa boi e passa toda uma boiada
Tristes réus de um horizonte cego
Onde a vida que suplica vale nada
(Solo)
Do senciente reticente e impotente
A acústica do muro abafa o choro
Alienação sempre tão conveniente
Ao processo tão oculto do decoro
No fim do corredor tinha uma porta
Que para o holocausto se abriria
Depois daquela porta, carne morta
Que a fome do especismo nutriria
(Solo)