Passem carros passem bondes
Passem trens na contramão
Passem vindas coisas lindas
Dos poemas de Drummond
Passe a roupa do avesso
Passe aquele seu batom
Passe a banda passe o circo
Passe longe solidão
Meus ponteiros são de vidro
Vivo medo de quebrar
Eu queria ser imensa
Pra poder te segurar
Você anda tão corrida
Não consegue se enredar
No passeio pela vida
No tempo que o tempo dá
O embalo do agora feito dança de salão
Atenção ao que tem fora do limite do portão
Tic tac vou ditando
O andamento do balé
Carregando por segundos
As pontinhas do teu pé
Ora anda demorada
Desfilando devagar
Me carrega no teu pulso
Que eu te atraso pra voltar
Por que a pressa nesse passo?
De que serve estar sem ar?
No passeio pela vida
No tempo que o tempo dá
Ter o dom de quem dança feliz
A valsa da vida já
Que a coreografia um dia acaba
Pra pular sem saber se dá pé
Pra ser sem saber o que é
Pra quem não espera mais por nada
Só o tempo que o tempo dá
Por que a pressa nesse passo?
De que serve estar sem ar?
Eu queria ser imensa
Pra poder te segurar
Ora anda demorada
Desfilando devagar
Eu quero ver você andar
No tempo que o tempo dá