Quando ela saiu de casa
No meio da noite com o orgulho ferido
Pensou por um instante em olhar pra trás
Mas seu impulso foi contido
Ao lembrar da sua infância
Do modo como sempre foi tratada
Cabeça erguida, seguiu em frente
Valente e despreparada
INTRODUÇÃO
E uma lágrima correu e se perdeu em seu rosto
Parte dela alí morreu lembrança, saudades, desgosto
Mas de que valia a vida com repressão e preconceito
Ninguém nunca lhe deu a mão. Ninguém nunca entendeu seu jeito
Quando o Sol nasceu de novo, enquanto o povo abria os olhos de manhã
Ela desceu daquele ônibus e olhou o mundo estranho ao seu redor
Mas a mágoa era maior que o medo
E sempre é cedo pra recomeçar
Então a vida é pra valer Então a vida é pra valer
Por volta das dez e meia sentiram sua falta
Estranharam o silêncio
Seu pai abriu a porta e viu em seu lugar
Três ou quatro travesseiros
E uma lágrima correu e se perdeu em seu rosto
Parte dele alí morreu lembrança, saudades, desgosto
E de que vale a vida agora com remorso e solidão
É difícil pensar no futuro com o passado na podridão
O ser humano é complicado. É incapaz de aceitar as diferenças
E descarrega os seus demônios até mesmo na própria família
Mas o tempo é o melhor dos livros
Com ele se aprende a lição das horas de amor
Então a vida é pra valer