Uma ovelha branca da mais pura raça, pariu dois lindos cordeirinhos machos
O mais esperto eu deixei com ela, o outro adotei de pronto e criei guaxo
No dia que sangraram os dois borregos, foi um pouco de mim pois perdi tudo
E o olhar deles a pedir socorro, o meu chorava em desespero mudo
Mas ninguém viu ou ouviu meu pranto, só uma rolinha agitou as asas
E o silencio de todo o passaredo ficou tão triste nos beirais da casa
Tudo sucumbe ao tempo transcorrido, assim se vai feito a flor da idade
E quem não chora uma mor perdido, ou não suspira ante uma saudade
Ainda tenho em mãos os dois pelegos, já que a nenhum coubera melhor sorte
O criador que o separara em vida, tragicamente os uniu em morte
Quando acampava o relento na pampa, sem ter viva alma pra ouvir meus ais
Chorei silente debruçada neles, o que tivera e já não tinha mais
E ainda tenho um pelego roto, num galpão antigo que o meu pai fez
Onde o maninho que não mais existe, engatinhou pela primeira vez