O vento do amanhecer
traz
a imagem dela
A saudade dá bom dia
E o dia
pode ser tudo
Menos bom.
Quando penso com razão,
Compreendo que não
devo desejar mais aquela
pele,
Mas é o coração quem dá o tom
Em meio à essa tamanha contradição,
Fecho os olhos para ver se, pelo menos, sinto
O cheiro, a voz, o som.
A falta que ela me faz
Entra por todos os poros.
Entre lágrimas e espermas
Tento me desvencilhar do retrato colado
no
espaço esparso
da parede.
O que fazer além de olhar para trás,
Passar o passado na moldura do retrato,
Tentar ver à frente,
Procurar outro trato?
Passar o passado na moldura do retrato,
Tentar ver
Quem responde é a fotografia,
Estática, presente e fria.